25/02/2014

CARREGAMOS OS FARDOS DO PASSADO?



        A incapacidade, ou melhor, a luta da mente em deixar de lado o passado, é uma dificuldade de todo ser humano. O passado vive em nós na forma de lembranças. Umas boas, que servem de bálsamo para o coração quando lembradas. Outras, ruins, que trazem tristeza e novamente a dor ao presente. Elas em si não são um problema, afinal, é por meio delas que aprendemos com as nossas experiências e erros cometidos.
      Entendo que, somente quando os pensamentos sobre o passado dominam a mente por completo, é que se tornam um fardo. Começam aí, os problemas do nosso “Eu”.  Embora nossa história e trajetória de vida, sejam formadas por lembranças da mente ou das emoções, se deixarmos a nossa mente condicionada ao passado, nos tornaremos prisioneiros das emoções. Algumas, indesejáveis, sobrevivem sem que a pessoa perceba. Assim sendo, o desconforto é inevitável.
    Parece-me Óbvio, mas quero registrar aqui uma observação: ninguém passa pela vida, sem experimentar algum tipo de sofrimento emocional. É inevitável que um dia, possamos senti-lo. O que não se deve jamais é deixar que ele domine a mente e se torne companheiro.
     O ser humano, às vezes, vacila sob os fardos que a vida os imputa carregar. Não é fácil falar deles. Claro, não é de peso físico que estamos falando, e sim, do peso espiritual e emocional que aflige a alma e o ser. Ao longo da vida, carregamos alguns fardos que, se tivessem sidos enfrentados na época, poupariam a dor do momento. Citamos aqui alguns exemplos: problema financeiro, relacionamento pessoal, desânimo, frustrações, culpa entre outros.
      "Os fardos", ou seja, os momentos difíceis do passado esmagam a alma e em grande parte, tiram a paz presente. Eles esgotam a nossa paciência e sepultam sonhos. Diante de algumas situações, o fardo que nos é imputado parece ser maior que a nossa capacidade de suportar. São demasiados grandes e difíceis. Então, pergunto: Teríamos um limite de carga para nossos fardos? Difícil responder. E se é difícil responder, imagine administrá-los.
       E quando eles parecem ser maiores que a nossa capacidade de suportar, a nossa tendência é tentar fugir, ou, escondê-los. Isso é da natureza humana. Mas, até quando é possível fugir e/ou esconder de algo que requer solução, às vezes de imediato? O tempo poderia curar? Penso que não. O não enfrentamento, apenas os fará adormecer nos escaninhos do coração, e irão se somatizando com o adiamento.
       O tempo não cura e nem muda os fardos de lugares. O grande perigo diante das dificuldades de carregar o fardo do passado é desistir de lutar. E em si desistindo, certamente abandonará coisas importantes na vida. Dessa maneira, corre-se um grande risco - continuar cambaleando, se arrastando e se ferindo pela vida.
      Melhor mesmo, é encarar tudo de frente. Não é bom viver transportando fardos de espécie alguma, sejam eles quais forem. Isso nunca fará bem a quem os carrega, tampouco aos que com ele convivem. Não é de bom alvitre, viver uma vida de insatisfação sob o peso da ansiedade e do medo do amanhã.  É preciso ponderar, pois o passado não pode atormentar. E o amanhã, é uma incógnita que não pode gerir o hoje.
         É preciso parar de acrescentar dores à alma. O ser humano é capaz de aprender a refrear esse hábito. Para isso, é preciso se abster de viver com a mente no passado. A não ser, que aquele momento traga novamente alegria e paz. Se não for assim, é melhor voltar à atenção para o momento presente, ao invés de deixar atrair por histórias antigas da memória que traz dor e sofrimento.
        Assim sendo, nossa realidade, nossos pensamentos e emoções se tornam a nossa identidade. Nada que tenha acontecido no passado de bom ou ruim, pode nos impedir de estar presente no agora - viver o agora. Pense: Se o passado não tem como evitar nosso estado de presença, que poder tem ele?
       Toda emoção negativa, que não é plenamente enfrentada e nem considerada pelo que ela é no momento em que se manifesta; não se dissipa por inteiro. Deixa sempre traços de dor, que se pode carregar para o resto da vida. Não seja escravo das dores do passado. Um enfrentamento de situações difíceis pode doer muito por um tempo, mas não será um fardo para doer e carregar para o resto da vida.

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