Direciono meu olhar ao coração e percebo que a maioria das pessoas andam contidas, econômicas na demonstração de sentimentos e afetos. Pouco ou quase nunca dizem palavras de carinho, evitam abrir espontaneamente um sorriso, dão poucos e tímidos abraços. Não mostram afetividade, e passam a ter um quase sorriso. Um carinho que nunca chega, como um
abraço pela metade.
E qual o motivo dessa abstração, de tanta indiferença? Porque que as pessoas estão assim? Seria é reflexo do medo cotidiano, da insegurança? Do amanhã ainda incerto? Será que dão menos porque "não" querem receber muito? estão pobres e miseráveis de sentimentos de amor?
É preciso saber que no campo da afetividade podem abusar, gastar carinho e afeto compulsivamente.
Um abraço sincero e verdadeiro, dentre tantos gestos de carinho, é talvez o mais significativo.
Ele conforta. Aproxima os corações, transmite calor humano. Acalenta e protege. Proporciona sensações de ternura a quem envolve e é envolvido. É capaz de fazer uma
pessoa ter o dia melhor e muito mais feliz. Melhora a disposição e a
maneira de ver a vida e encarar os problemas.
Quando abraçamos
alguém com carinho, em troca percebemos um imediato sorriso. E vem a sensação de estar fazendo algo capaz de
transformar. É um doce e terno afago, que tanto faz bem. Faz toda diferença.
E quando recebemos esse carinho, ficamos a nos sentir importantes, protegidos,
valorizados, amados. Um abraço pode ser milagroso, capaz de afastar tristezas e incertezas. O abraço tem o poder de acalmar, aliviar e minimizar as dores da alma.
Não significa que temos que sair por ai abraçando a todos. Abraçar por abraçar não faz o menor sentido. Afinal, quem recebe o abraço deve saber dar o devido valor ao gesto. E é preciso certo grau de intimidade. Nesse momento recebemos e transferimos energias positivas. Harmonizamos. Sendo espontâneo e natural deixa enorme sensação
de alegria.
A falta de abraço e atenção não existe apenas nos meios exteriores à nossa convivência. Está dentro dos lares, nas
famílias. Imagine comigo a reação de uma criança que sem o hábito de receber o carinho de um abraço em casa, cresce vazio, e pouco afetivo. Talvez com dificuldades. Atitudes simples como abraço, atenção e carinho são extremamente necessárias à infância.
O ideal seria que as pessoas em casa, se abraçassem mais. Todos os dias
se possível. Com certeza reduziria muitos desconfortos e atritos familiares. O
abraço aproxima as pessoas. Reforça relacionamentos. Reduz e ameniza as diferenças.
É momento terno e agradável sentir as batidas do coração de alguém quando o abraçamos. Vem a calma, vem a paz. É como afirmar e confirmar: estou aqui, conte comigo, meu coração está aberto.
A necessidade de atenção, carinho e de um abraço não é somente daquelas pessoas solitárias, pretensamente infelizes e inseguras. Todos, invariavelmente, precisam.
Quando expressamos um gesto de forma natural e espontânea que sai de dentro de nós sem travas, medos ou ressalvas, pode ser expressão de amor, amor incondicional, que vem de dentro do coração. O amor que
verdadeiramente liberta.
É aquela atenção que gera compreensão e solidariedade. Expressão de sentimentos e de gostar. Preciosidade que ajuda-nos a sentir certas dimensões do amor.
Mais que uma necessidade humana, a atenção e o carinho - que podem se resumir em um abraço - reafirmam e consolidam sentimentos. É quando coração se abre a outro coração. E abrindo as portas do coração, todos, todos podem se permitir. O resultado é indescritível. E assim, maravilhas acontecem. Portanto, abracem sempre. Nunca, jamais economizem carinho e ternura, tão presentes em um intenso e verdadeiro abraço.