02/05/2013

INVEJA: CAMINHOS E DESCAMINHOS


Vivemos em uma sociedade que costumeiramente utiliza comparações. Nossa cultura é de analogias.  A mídia é quase totalmente voltada ao processo comparativo, e ter um produto como o anunciado, supostamente nos faz melhor que quem não o tem. Portanto, ao ostentarmos determinadas marcas, modelos e produtos, estaremos sendo vistos de uma forma mais condescendente pela sociedade.
Representam qualidades. Transmitem poder, prestígio, riqueza, dinamismo, inteligência, força, magnetismo pessoal, padrões de beleza e etc. Vendem ideias e modelos que despertam nas pessoas vontade de querer, ter, ou ser como o outro, em ambientes que convivemos - ou não. Para nós mortais até ai, tudo bem, são apenas desejos, aspirações, crescimento social. Vontade de possuir.
Isso pode levar, de forma até sem que se perceba, a uma situação, onde se fomenta um sentimento que chamamos de inveja. 
E cabe uma reflexão: se, de um lado, entendemos que a comparação nos conduz à inveja, por outro lado, sabemos que toda relação social é comparativa. Seria então possível sair dela? O ímpeto da comparação é intenso. Está em nosso convívio. Em nossas relações. Em todo lugar.
A inveja nada mais é do que uma frustração interna. Consigo mesmo. É a intolerância com os próprios sentimentos, quando achamos que somos fracos, pouco inteligentes, feios, pobres, incapazes... E assim por diante.
As pessoas ditas “invejosas” querem provar o tempo todo, para si e para os outros que são  melhores. Usam artifícios como vangloriar-se e desprezar no outro o que ele tem de bom. Enaltecem as próprias conquistas,mesmo que insignificantes. Diminuem, menosprezam e criticam o que o outro tem de positivo.  Vêem mas não reconhecem as próprias fragilidades, fraquezas e frustrações.
Estão sempre de plantão para esse “trabalho” de depreciação. Dessa forma, aliviarão o mal-estar, o desequilíbrio emocional que trazem consigo.
Mas, pergunto: qual seria a melhor maneira de sair desse sentimento?  Como não ter inveja? Qual seria a forma de usar a tendência comparativa a favor e não contra?
A mais sensata comparação que deveríamos fazer é aquela que não estamos acostumados - Conosco mesmo. Essa, provavelmente nos faria sair do processo da inveja. Não é errado trabalhar e lutar pela conquista dos desejos. E quando feito com humildade e honestidade é valorosa  conquista!
Agindo assim, crescemos e fortalecemos o nosso ser. Nossa identidade.  Equilibramos nosso ponto de apoio e o eu interior.  Comparar consigo é necessário. Com os outros, pode ser perigoso. As regras que servem para eles podem não nos servir.
A inveja traz dores e terríveis prejuízos para a alma de quem a tem. Com isso, passam a sofrer com o sentimento de rejeição corporal, psicológica, financeira, social e profissional deixando sempre a sensação de incapacidade e inferioridade.
Interessante constatar que na inveja existe espaço para o sentimento de admiração. Mas este, só pode desabrochar quando se está centrado no próprio eixo. No próprio tamanho. Ou, em postura de agradecimento pelo que já conquistou.
Quando agimos de forma digna e generosa, não há inveja destrutiva. E sim incentivo e grande estímulo para alcançar e adquirir novos valores, novas virtudes. O alcance dos sonhos ou dos objetos de desejo só trará satisfação quando a conquista for pessoal.  Jamais, sobre a destruição do outro. Destruir o outro não fará ninguém melhor. Tampouco se chegará aonde o outro chegou. Melhor ir pelo caminho do trabalho, da luta e da perseverança. Faça isso! E vença.  Compare a si mesmo e conquistará seus sonhos. Seus desejos. E será bem mais feliz. Muito feliz!




Um comentário:

  1. Impressionado com que propriedade você abordou esse tema, normalmente restrito e debatido pelos doutores da psicologia e da filosofia.Belo enfoque em linguagem simples e acessível! Parabéns! Refletindo, Lendo várias vezes.
    Paulo Rolim - Jornalista

    ResponderExcluir