Normalmente, nós que moramos nas grandes cidades, levamos uma vida
agitada. Corremos contra o relógio e ainda somos obrigados a enfrentar trânsito
lento e desumano, buzinas estridentes, alguns condutores mal preparados e sem
educação, deixando-nos impacientes e mais cansados.
A violência urbana, o enfrentamento de rotinas pesada pioram ainda mais
a vida de quem vive nas metrópoles. Eu sou apenas mais uma no meio da multidão
daqueles que sofrem a agruras desse “emaranhado” e desenfreado modo de viver.
E fatalmente, não iria dispensar um convite para passar três dias em
uma cidade turística e interiorana chamada Pirenópolis-Go. Cidade, que nos fins
de semana e feriados fica lotada de turistas. Pessoas que buscam harmonizar-se
com o meio ambiente e a vida simples da cidade pequena.
Pirenópolis fica cerca de 120 km de Goiânia e é conhecida pelas
belíssimas cachoeiras. Possui uma gastronomia fantástica tipicamente goiana e
com uma variedade de pratos incomum, digna de encher a boca d'água dos turistas
que ali vão.
Durante a semana, a cidade volta a ser pacata com uma rotina calma de
pessoas simples e hospitaleiras. Momento agradável para curtir a calmaria,
fotografar belezas e repor as energias. À noite, a pequena e encantadora
Pirenópolis tem seu ponto de gastronomia na rua do lazer, onde se pode
experimentar a grande variedade de comidas saborosas.
O convite veio para ficarmos três dias durante a semana, com o intuito
de realmente descansar e curtir as belezas singulares do lugar. Em uma bela casa na cidade nos hospedamos.
Fizemos passeios às cachoeiras de águas cristalinas e frias. E a noite, todos os dias sem exceção aproveitava para conhecer e degustar pratos tipicamente goianos acompanhados de bom vinho.
A cada manhã, um alvorecer ao som de pássaros. Manhãs magnificamente adornadas de céu
límpido e um friozinho gostoso. Os tucanos vinham todas as manhãs de forma
poética cantar em uma árvore frondosa na porta da sala, tornando o acordar uma
deliciosa terapia. Acordar que me trouxe inspiração, nostalgia,alegria e principalmente descanso.
Esses preciosos momentos nos fazem viajar ao interior do nosso
interior, em busca dos sentimentos mais puros e nobres. Momentos de alma,
despida de maldades e falta de amor!
Todos os dias, pude observar com espanto a beleza do entardecer da
pequena e bela cidade de Pirenópolis. O belo, imponente e encantador pôr do sol, fez
exibição particular para meus olhos inertes, ao ver tanta beleza!
E foi numa tarde dessas, que me
aconteceu algo inusitado e belo para nunca mais esquecer. O sol ainda um pouco forte por volta das
dezessete horas, me animou a lavar o carro empoeirado das estradas ao visitar
as cachoeiras. Momento que para mim é terapia fazê-lo. Liguei o som do carro e
imersa nas belas melodias fazia reflexões. Sequer percebi que o entardecer se
encaminhava.
Os pássaros começaram a chegar, pousando na árvore bem próxima a mim. E
alegremente se puseram a cantar. Cada um no seu tom, formando assim, uma
orquestra sinfônica de encher o coração! Fiquei ali perplexa por alguns segundos
ouvindo a sinfonia dos pássaros. De repente, fui surpreendida com a música ave
Maria, que sequer sabia existir naquele pendrive. E assim, a orquestra ficou ainda mais bela e
completa.
Nesse momento, lembrei-me que a hora do Ângelus é sempre às dezoito
horas e as rádios tocam a Ave Maria. Corri, peguei o relógio e para meu
espanto, vi a coincidência da música com o horário. Eram dezessete horas e
cinquenta e sete minutos - hora do Ângelus. Enlevada pela agradável surpresa, o
que era bonito tornou-se ainda mais quando a música tocou novamente.
Nesse momento, tão único e tão meu, em êxtase fiquei. Estar em um lugar
mágico e ser homenageada com a bela canção da ave Maria, acompanhada pela
orquestra do canto dos pássaros na hora do Ângelus e pôr do sol, certamente será para mim,
inesquecível.
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