Um olhar é cercado de mistérios. Há olhares e olhares. É como alguém ir à janela de si. Aguça o desejo de desvendá-lo. Incita a descobrir o que há por trás dessa janela. Enigmático, pode ser a tradução fiel do coração, da alma. Tem imenso poder. Pode ser capaz de julgar e até condenar... Ou, conquistar.
Afirmo ser quase impossível descrever os inúmeros tipos de olhares. Há olhares que podemos definir como nocivos, perigosos. Ou definimos aquele olhar atraente, triste, meigo, arrogante, olhar de súplica. De alegria, prazer, gozo... Concentrado, disperso, olhar da aceitação. De desprezo, compassivo, de desespero. Sem graça ou envergonhado. Sedutor, fatalmente sedutor... Pode deixar dúvidas. Ou ser uma flechada certeira no coração.
Revela muito daquilo que se sente. É capaz de enfeitiçar, pode silenciosamente falar algo, ou calar. É preciso ser como a boca – ter equilíbrio e juízo - para não cometer erros e injustiças. É preciso segurar as emoções - para proteger ao coração. E quando o olhar é cuidadoso, amoroso e terno, traz grandes benefícios. Pode dizer muito. Ou nada dizer. Esse é o mistério de um olhar.
Suavidade e ternura enfeitam e emolduram belos olhares, que acompanhados de simpatia e meigo sorriso tornam-se responsáveis pela atração. Possibilita conquistas. E o que dizer do olhar furtivo? Há pessoas que o utilizam rotineiramente e investem na sensualidade como forma de sedução. O encanto naturalmente começa com um terno e significativo olhar.
O olhar inteligente transmite de imediato conhecimento, sabedoria. É típico das pessoas modernas, lúcidas e voltadas às coisas da alma e da ciência. Se observarmos em nossa volta, deparamos com alguns indivíduos que têm o olhar perdido. E perdidos como no olhar, experimentam diariamente amargura e angustias. Vivenciam desgostos como se a vida não tivesse direção. Perderam o leme da existência.
A caminhada da vida nos obriga a cultivar o olhar observador – aquele que natural e comumente analisa, avalia. Tira conclusões sobre o que é observado. Intelectuais, cientistas, terapeutas que o digam. É também necessário observar sem o olhar preconceituoso que tem fundo revelador de discriminação. O olhar que analisa a pessoa "de cima a baixo" , como se verificasse pela aparência seu grau de inteligência e condição social, é típico dos que dão alto valor aos bens materiais. São extremamente vaidosos, quando não, maldosos.
Um olhar firme, direto, revela retidão de caráter, equilíbrio e sensatez. Mostra exatamente o que quer e como quer. É completamente diferente de um olhar duro, ríspido. Este na verdade, manifesta radicalismo no uso inconsciente do “ser firme”. É arrogante e normalmente maltrata um coração.
E o que dizer do olhar confiante? É o que revela transparência interior e enxerga a vida de forma positiva. Olha sempre na direção exata daquilo que é seu objeto de desejo. E sabe que a conquista desse objeto é consequência, questão de tempo.
A diversidade dos olhares é determinada pelo momento, local e de pessoas em volta. Cotidianamente temos um estilo de olhar – algo peculiar a cada indivíduo. Alguns olhares chamam muito a atenção, despertam muitas sensações e desejo. Não raro encontrar ainda, o olhar profundo – inerente a pessoas de alta espiritualidade. Almas evoluídas.
E quem nunca percebeu um olhar “misterioso”, que provoca o desconhecido? Que provoca sensações? Foge do comum na comunicação de nível apenas sensorial. Vira motivo de busca e descobertas. Cria expectativas.
E o famoso olhar apaixonado, revelador do "brilho intenso dos olhos". Não se foge dele – é próprio da natureza humana. Manifesta-se em curtos ou longos períodos. Tem alternâncias de intensidade... Por vezes, sequer se manifesta, mas existe. Deixa o coração saltitante. Feliz. Cheio. Pleno.
O olhar, longe de ser algo comum, que nada representa, tem muito a dizer. É revelador da personalidade, do caráter e até revela traços da intimidade. Marca registrada que subjetivamente informa o que somos e o que queremos. Como encaramos a vida. Olhar profundo... Desejo tão desejado... Basta sensibilidade para captar, identificar e interpretar seu significado. Que está diante de nós: “no olhar”!